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“... todas as profissões podem ser uma resposta ao chamado missionário”

No dia 7 de abril, comemoramos nacionalmente o Dia do Jornalista, destacando a importância desse ofício na sociedade. Este contexto foi o ponto de partida do programa ‘Batistas em Pauta’ de 08/04, quando convidamos a jornalista Thatiana Cordeiro, da Junta de Missões Nacionais (JMN), para compartilhar suas percepções sobre o trabalho do jornalista dentro da denominação Batista e em áreas afins.

 

Como surgiu o seu interesse em fazer Jornalismo?

“Então, para mim, tudo começou no Ensino Médio, quando comecei a me perguntar: ‘E agora, o que vou fazer quando terminar o Ensino Médio? Qual faculdade quero cursar?’ Eu comecei a observar quais disciplinas mais gostava na época da escola, e a parte de redação, de escrever, sempre foi algo forte para mim. Desde então, eu já sabia que queria seguir uma área de humanas. Tinha duas opções na época do curso e fiquei em dúvida entre Relações Internacionais e Jornalismo. Primeiro, acabei optando por Relações Internacionais, então, o Jornalismo é um pouco mais recente na minha trajetória, mas sempre estiveram muito próximos. Depois de concluir Relações Internacionais, decidi seguir Jornalismo. Para mim, sempre esteve muito ligado ao fato de gostar de escrever e de perceber que as pessoas comentavam sobre minha habilidade para isso, dizendo que isso combinava comigo. Foi mais ou menos assim que minha história com o jornalismo começou, e até hoje mantenho as características e habilidades que me levaram a escolher esse curso. Essas habilidades foram sendo aprimoradas ao longo do tempo, mas já estavam presentes na época da escola”.

 

Inicialmente, em qual área da profissão queria trabalhar?

“Olha, eu acho que nunca tive uma área específica muito em mente, como moda ou esportes, algo nesse sentido em que eu realmente quisesse trabalhar. Foi na faculdade que comecei a conhecer as diferentes áreas e possibilidades de atuação. Ao conhecer essas áreas, fui percebendo mais claramente o que realmente me interessava. Continuava gostando muito da escrita e da redação, algo que já havia identificado na faculdade como minha paixão e que ainda é parte fundamental do que faço hoje. Outra área na faculdade que nem imaginava antes de entrar era a parte de televisão e rádio, trabalhar com algo no Jornalismo que envolvesse o uso da voz. À medida que cursava disciplinas, tive a oportunidade de gravar na rádio ou apresentar programas na TV da faculdade, e foi aí que percebi que também gostava dessa área, algo que nunca tinha experimentado antes”.

 

Quando e como você começa a atuar na área de Jornalismo de Missões Nacionais?

“Comecei na Junta de Missões porque surgiu uma vaga de emprego na área de comunicação. Uma amiga minha viu o anúncio no status do WhatsApp de alguém que trabalhava na Junta e achou que seria uma ótima oportunidade para mim. Na época, ainda estava na faculdade e fazia estágio na agência de jornalismo da instituição. Ao ver a vaga, me interessei e decidi participar do processo seletivo. Já estava próximo de concluir a faculdade quando entrei na Junta em 2020. Foi assim que me juntei à equipe, aproveitando uma oportunidade de emprego que surgiu e participando do processo seletivo, e assim estou aqui até hoje”.

 

Quais as principais diferenças, na sua opinião, para o Jornalismo factual e o Jornalismo numa organização cristã?

“Esses veículos estão muito focados em notícias factuais do dia a dia, precisam cobrir os acontecimentos imediatamente, têm que publicar naquele momento específico, porque as coisas se tornam obsoletas rapidamente, especialmente com as redes sociais hoje em dia. Mas na Junta, em nossa comunicação, não trabalhamos tanto com notícias factuais. Não estamos envolvidos nessa corrida contra o tempo como os veículos seculares. Conseguimos pensar com mais calma nos conteúdos que vamos publicar. Claro que também temos um certo prazo, pois se demorarmos muito, a notícia fica obsoleta, mas nossa abordagem é mais estratégica. Estamos mais preocupados em transmitir os temas que são relevantes para o trabalho da Junta, em vez de correr para divulgar uma notícia. Acredito que essa seja uma diferença fundamental em relação ao trabalho que realizamos aqui”.

 

E quais as principais semelhanças?

“No fim das contas, tudo se resume a Jornalismo. Então, princípios como a verdade, ter pessoas qualificadas para falar sobre determinado assunto e cuidado com a imagem, por exemplo, ao lidar com fotos e autorização de uso de imagem, são fundamentais. Acredito que existem muitas semelhanças entre o Jornalismo convencional e o trabalho na JMN ou em outras organizações missionárias ligadas à profissão. A diferença que fazemos é aplicar esses princípios ao nosso contexto cristão e carregamos uma missão diferente. No fundo, ambos desejamos transmitir a mesma mensagem, no sentido de que temos uma notícia para compartilhar. Para nós, é a boa nova, enquanto para o Jornalismo convencional, são notícias do dia a dia. Portanto, todos estamos buscando comunicar essa mensagem em qualquer meio disponível, e acredito que, embora haja semelhanças, também existem diferenças”.

 

Você enxerga semelhanças entre o trabalho jornalístico e o trabalho missionário?

“Com certeza, eu diria até que todas as profissões podem ser uma resposta ao chamado missionário. Costumamos até dizer que somos ‘missionários da sede’, pois nosso campo é a sede, as redes sociais, onde quer que estejamos trabalhando. Para o cristão, não existe outra opção senão ser missionário, não importa onde trabalhe, seja jornalista, engenheiro, médico, advogado ou professor. Portanto, ser jornalista é também uma resposta, utilizando as capacidades, habilidades e características que Deus nos deu. Às vezes, isso se torna nossa profissão. Assim, ser missionário significa usar intencionalmente o que Deus nos deu para avançar o reino e fazer crescer a obra”.

 

Compartilhe uma realização sua na profissão e o trabalho em Missões Nacionais que mais gostou de fazer?

“Uma experiência que me marcou profundamente foi quando gravei uma narração para um vídeo institucional sobre o projeto Amazônia. Durante um período de férias, tive a oportunidade de viajar em um barco missionário. Chegando lá, teve a oportunidade de explicar o projeto durante uma apresentação. Foi então que a coordenadora Germana decidiu reproduzir o vídeo institucional, algo que eu não estava esperando. Quando minha voz começou a soar pelo barco, dentro de uma comunidade ribeirinha, me senti surpresa ao perceber que meu trabalho estava ali, naquele ambiente da floresta. Foi uma experiência incrível, pois às vezes parece que nosso trabalho fica restrito ao ambiente digital, mas momentos como esse nos mostram que não é bem assim. Lembrei também dos ouvintes de vários países. Acho que é um pouco dessa sensação, de que nosso trabalho não está retido, não está preso, mas alcança muitos lugares e muitas pessoas. Nunca saberemos totalmente o impacto do que fazemos. Portanto, os trabalhos que mais me marcaram são aqueles em que vejo algum retorno, seja alguém dizendo que chegou a algum lugar ou simplesmente agradecendo o que foi feito”.

 

O que você pode compartilhar de conselhos para quem quer cursar Jornalismo hoje?

“Sei que hoje em dia não é mais obrigatório ter o diploma para exercer a profissão, mas ainda assim defendo muito, porque foi na faculdade que tive experiências em diversas áreas e aprendi muito em cada trabalho. A faculdade é muito prática, conhecer várias áreas, perceber onde você se encaixa e o que gosta mais de fazer. Você descobre também que é muito maior do que achava que era. Na nossa equipe da Junta de Missões Nacionais, por exemplo, eu não produzo artes e layouts, mas trabalho com pessoas que o fazem e trabalhamos juntos. Então, saber que isso existe, que faz parte, é importante, porque na faculdade você visualiza todos esses campos. Outras dicas: leia o que gosta, mas também o que não gosta muito, para aprender sobre determinados assuntos. Treine; se gosta de escrever, abra seu bloco de notas, sua rede social, peça para alguém ler; se gosta de gravar imagem ou sua voz, o feedback das pessoas também é muito interessante nesse sentido, porque ajuda a ver se somos bons nisso. Também é importante conversar com alguém que já fez o curso, porque uma coisa é conversar e outra é ver de longe alguém que já viveu aquilo na prática. Então, troque ideias com alguém que já cursou jornalismo ou comunicação, um pouco mais amplo. Mas é muito bom ser jornalista!”

 

Isabelle Godoy

estagiária no Departamento de Comunicação da Convenção Batista Brasileira*

*Sob a supervisão de Estevão Júlio,

jornalista da Convenção Batista Brasileira