Artigo

A agenda do final dos tempos!

O mundo está acabando? Na verdade, a cada dia que passa é um dia a menos que temos para chegarmos a essa data. Ainda que não tenhamos o dia exato, que só Deus conhece, cabe-nos “ler” os cenários que surgem a cada época e as tendências histórico- -culturais que vão, por sua vez, construindo os novos momentos da linha do tempo. E essa estratégia não é assim tão nova, pois, nos tempos bíblicos, temos os filhos de Issacar (uma tribo de Israel), que eram conhecedores dos tempos (I Crônicas 12.32). “Conhecedores” no hebraico é um substantivo (תניב biynah) que indicava compreensão, discernimento. Assim, além de saber o que estava acontecendo, buscavam discernir esses acontecimentos e quais impactos teriam para o povo de Israel, dando-lhes suporte para as decisões dos seus governantes.

 

Os filhos de Issacar nos dão um exemplo necessário para que não sejamos consumidores da realidade, mas participantes de sua construção. Se assim não for, estaremos agindo como pessoas anestesiadas, cuidando apenas de nossa agenda pessoal e privada, deixando de cumprir o nosso papel de sal, luz e embaixadores do reino. Portanto, sejamos como os filhos de Issacar e, neste sentido, dois textos bíblicos nos sinalizam a conhecer nosso atual cenário:

 

• “Quanto a você, Daniel, encerre as palavras e sele o livro, até o tempo do fim. Muitos correrão de um lado para outro, e o conhecimento se multiplicará” (Dn 12.4 - NAA)

 

• “Porquanto, assim como nos dias anteriores ao dilúvio comiam e bebiam, casavam e davam-se em casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca, e não o perceberam, senão quando veio o dilúvio e os levou a todos, assim será também a vinda do Filho do Homem” (Mt 24.38-39 - ARA).

 

Os dois textos falam de ocupação da vida, como se estivéssemos sendo consumidos e consumindo o cotidiano, sem a necessária autoconsciência de nossa trajetória de vida. Muitos estudiosos têm demonstrado o quanto a civilização está sendo envolvida pelo entretenimento e virando uma sociedade do cansaço (Byung-Chul Han), fluída-instável (Bauman), distraída com a vida, anestesiada.

 

Além disso, Daniel menciona que o conhecimento se multiplicará, e o volume de dados e informações que temos hoje na esfera digital nunca antes foi visto. Fala-se em crescimento exponencial da tecnologia e, com a divulgação dos últimos avanços da Inteligência Artificial após novembro de 2022, já não se pode mais prever como tudo ficará.

 

Apesar de todo progresso, crescimento científico e tecnológico, cada vez mais é notório o crescimento de uma curva proporcionalmente inversa da ética e moralidade decadentes. A agenda que me parece estar sendo seguida em termos mundiais, e não é diferente em nossa Nação, entra em confronto direto com o Plano da Criação que Deus estabeleceu para a humanidade e que, como resultado da rebelião no Éden, desenha um cenário destruidor da vida humana e da sociedade.

 

Se você puder acompanhar a leitura dos encaminhamentos sociais, mas também da mídia e das decisões governamentais dos últimos tempos, poderá conferir se a agenda a seguir já não seria uma agenda dos fins dos tempos, em confronto direto contra uma vida social, familiar, moral e ética saudáveis. Então vejamos:

 

• Abolição dos conceitos ontológicos de homem e mulher, com homens e mulheres biológicos assumindo quaisquer papéis de “gênero” que queiram;

 

• Abolição dos conceitos de monogamia e incesto, vistos como obstáculos que impedem o acesso sexual dos filhos à sua mãe, “propriedade” do pai. Com isto, fica liberada a relação sexual não apenas dos filhos com suas mães, mas dos filhos com quaisquer mães ou mulheres, com o objetivo de desconstruir o conceito de “propriedade” e de ‘incesto”;

 

• Abolição da monogamia como se fosse instrumento de “propriedade” entre os cônjuges, ficando liberadas opções tais como o poliamor (poligamia), “trisal” ou qualquer outra forma de conexão que possa ser justificada por decisões consensuais entre as partes;

 

• Abolição do conceito de sentimentos, visto como fantasias individuais que sustentam os papéis de “gênero”, de relações afetivas, de relações de propriedade e outros tipos de relações opressivas de dominação de um ser humano por outro;

 

• Abolição do conceito geral de propriedade, passando todas as propriedades privadas ao domínio do Estado. Isso inclui a propriedade do indivíduo que, desprovido de gênero, de mãe, de afetos e de sentimentos, ficará finalmente livre para satisfazer plenamente suas vontades, dentro daquilo que o Estado permitir.

 

Talvez essa agenda seja assustadora para alguns, exagerada para outros, ou ainda militante para mais alguns outros. Mas convido-lhe a, sem preconceito ou “preconcebimento”, analisar o que está acontecendo no mundo e em nosso país para conferir se cada passo dessa agenda não estaria sendo rigorosamente cumprido. E, veja bem, essa agenda tem outros itens que o espaço não permitiu incluir.

 

Mais um detalhe é que essa agenda exalta o individualismo que foi sendo descoberto entre a transição da Idade Média (das Trevas) e a Modernidade, sendo amplificada com a Pós-modernidade (especialmente com Nietzsche), em que o indivíduo-pessoa foi sendo retirado de seu ambiente orgânico, colaborativo, repleto de alteridade e sendo colocado como legislador e juiz de si mesmo, só que, nessa agenda, acabará sendo manipulado pelo sistema de poder com sua manobra de massa, que já se vale de instrumentos de dominação, como a imprensa e a mídia subserviente. Daí o desejo e as ações de poderes públicos para manter o controle e o domínio sobre as redes sociais, em um desejo implícito de censura e redução das liberdades individuais, que precisará ser discutido em outro artigo.

 

Você já parou para avaliar esse cenário à sua volta? Ou pensa que ele não vai afetar a sua vida pessoal e familiar?

 

Recentemente, o Conselho Nacional de Educação, por meio da Câmara de Educação Básica, aprovou e já foi homologado pelo ministro da Educação, parecer de modo que essa agenda vai se cumprindo na escola básica (educação infantil, ensino fundamental e médio) em relação a gênero ao que nossos filhos e netos estarão sendo submetidos.

 

Ao estudarmos neuroeducação, é possível compreender que as fundamentais redes neurais que participam do desenvolvimento dos valores de uma pessoa são formadas nas primeiras fases de sua vida. Aliás, Piaget já mencionava as fases da formação moral nessas primeiras fases da história de uma criança. E é nesse momento que essa agenda está, de certa forma, retirando as crianças do ambiente doméstico para prepará-las para esse “mundo novo” sem pais, sem sentimentos fraternos, repletas de egoísmo e paixões sem controle e sem medida. É uma agenda que confronta diretamente os artigos 17, 19 e 22 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). E, anote aí em sua leitura de mundo, que logo os gestores dessa agenda vão propor a supressão ou alteração profunda desses e outros artigos do ECA, protetores da saúde moral e ética das crianças e adolescentes.

 

E, então, diante só desse exemplo, você pode dizer que essa agenda do fim dos tempos não afeta a sua vida pessoal e familiar?

 

E você, qual agenda está seguindo?