Artigo

EBD para o Alto - Ferramentas para aprender a ler, estudar e ensinar a Bíblia (Considerações Premilinares - 1ª parte)

É com enorme satisfação que participei como palestrante na abertura desta primeira versão do projeto EBD para o ALTO em 2024, promovido pela iniciativa da Ordem dos Educadores Cristãos Batistas do Brasil (OECBB), especialmente pela Seção Goiana, durante o mês da Escola Bíblica Dominical (EBD). Aproveito a oportunidade para compartilhar este ensaio dividido em quatro subtemas.

 

Primeiramente, faço algumas considerações para, em seguida, discorrer sobre o subtema “Leia, estude e ensine a Bíblia”. Em segundo lugar, afirmo que é fundamental que as pessoas aprendam a ler, estudar e ensinar a Bíblia. Terceiro, abordo noções de hermenêutica e teologia bíblica para leitura, estudo e ensino da Bíblia. Por último, em duas partes, destaco a relevância das ferramentas bíblicas de aprendizagem para a leitura, estudo e ensino da Bíblia.

 

É louvável a iniciativa da liderança nacional da OECBB nos estados, por meio de suas Seções, em promover uma ação interativa entre o pensar e o fazer coletivo, focando na liderança da igreja.

 

Na oportunidade, pretendo abordar a seguinte temática: EBD para ALTO - Ferramentas para aprender a ler, estudar e ensinar a Bíblia. Nosso objetivo é capacitar a liderança da Igreja com ferramentas bíblicas de aprendizagem indispensáveis para essas tarefas.

 

Ao ler (Êxodo 35.31,34) compreendo que nossa missão implica em “e o encheu do Espírito de Deus, dando- -lhe sabedoria, entendimento e habilidade em todo ofício, (…). Também deu a ele e a Aoliabe, filho de Aisamaque, da tribo de Dã, capacidade para ensinar os outros”. É notório que o ensino está associado à unção do Espírito Santo. Assim como Bezalel e Aoliabe aprenderam do Senhor, foram inspirados a ensinar suas habilidades de maneira que se pudesse, neste caso, se envolver com a construção do tabernáculo.

 

Neste ensaio, começo afirmando, primeiramente, que a Bíblia é a Palavra de Deus, o parâmetro para a liderança da Igreja. Em segundo lugar, destaco a importância da hermenêutica como a ciência da interpretação. Em terceiro lugar, destaco a necessidade de adoção de diversas ferramentas bíblicas de aprendizagem auxiliares, a serem utilizadas pelos mediadores do processo de ensino-aprendizagem, com o objetivo de aprender a ler, estudar e ensinar a Bíblia.

 

Alguém disse: “Muitos de nós queremos uma Palavra de Deus, mas não queremos a Palavra de Deus. Ou sabemos o bastante para possuir uma Bíblia, mas não o bastante para deixarmos que ela nos possua”. Neste sentido, o processo de ensino da Bíblia tornou-se um desafio permanente para todos os professores da EBD, seja no âmbito da Igreja local, na evangelização ou no testemunho pessoal.

 

Reafirmo que há uma iniciativa para mobilizar as Seções Estaduais em um projeto dessa natureza, envolvendo a liderança das Igrejas Batistas em todo o território nacional. Isso ocorre em um momento oportuno para a Igreja e, sem dúvida, será um tempo de crescimento espiritual no conhecimento da Palavra de Deus, na transformação e edificação de vidas através de um ensino bíblico relacional e dialógico.

 

Leia, estude e ensine a Bíblia

 

Pretendo começar este ensaio abordando algo sobre as Escrituras. Opto pela ideia de “ferramenta bíblica de aprendizagem” para referir-me aos recursos didáticos de ensino. Por onde começar? Segundo (ROCHA, p.114, 2021), “quando pensamos no conceito de ferramenta, o que vem à mente é um conjunto de recursos ou objetos cujo foco é facilitar a execução de alguma tarefa. No contexto pedagógico, as ferramentas têm o objetivo de facilitar a aprendizagem”. Neste ensaio, optou-se pelo termo “ferramentas”, conforme sinalizado pela Comissão Organizadora do projeto EBD para o ALTO.

 

Supõe-se que qualquer ferramenta bíblica de aprendizagem adotada pelo professor em sala de aula para ler, estudar e ensinar a Bíblia se torna parte integrante da prática educativa, seja no seu dia a dia ou em sala de aula. Diante dessa afirmação, pergunta-se: Como o professor de EBD estuda a Bíblia? Quais ferramentas ele adota regularmente? Como as pessoas em nossas Igrejas estão estudando a Bíblia diariamente?

 

É notório que a Bíblia é a referência por excelência de toda liderança cristã. Segundo o apóstolo Paulo, cabe ao professor, pastor, missionário, músico entre outros, (…) “maneja (r) bem a palavra da verdade” (II Timóteo 2.15), quando apresentar-se a Deus aprovado. Reconheço que, no estudo e ensino da Bíblia, as ferramentas bíblicas de aprendizagem são importantes, mas o professor precisa se concentrar na exposição da mensagem bíblica. “Esta palavra “exposição” origina-se de uma palavra latina que significa “tornar conhecido” ou “pôr à vista”. Neste sentido, a ferramenta irá orientá-lo como meio.

 

Segundo Hermisten Maia (2016, p.333), “As Escrituras enfatizam que Deus jamais foi ensinado. Como Senhor de todo saber, não precisa ser ensinado por ninguém, porque não há saber fora dEle; “Por acaso alguém trará conhecimento a Deus, ele que julga os de posição elevada?” (Jó 21.22). A origem do saber está em Deus. Ele é a fonte de toda verdade: “toda verdade procede de Deus”. Segundo Tomás de Aquino, “o Autor principal da Santa Escritura é o Espírito Santo; o homem é seu autor instrumental”.

 

É preciso aprender com o próprio Jesus Cristo, o Mestre por Excelência, qualquer que fosse a ferramenta bíblica de aprendizagem que viesse adotar, Ele “conhecia o poder de um exemplo vivo” (João 13.1-14). O Espírito Santo nos ilumina a mente e o coração para compreender a Palavra de Deus. Ou seja, a Trindade está presente em todo o processo ensino-aprendizagem da Bíblia.

 

Ele (Jesus) até deixou indicado que a escolha da ferramenta foi deliberada, calculada, para produzir um efeito desejado.” “Pois eu vos dei exemplo, para que façais também o mesmo.” (Jo 13.15). “É impossível conhecer a Deus sem conhecer Sua Palavra.” “Toda a Escritura é divinamente inspirada e proveitosa para ensinar, (…). (II Timóteo 3.16-17).

 

Como é do conhecimento de todos, a Bíblia é composta por “sessenta e seis livros, (sendo 39 Antigo Testamento e 27 Novo Testamento) separados que foram escritos num período de mais de mil e seiscentos anos, por mais de quarenta autores humanos”. É sobre esse importante referencial que a liderança cristã tem em mãos a Bíblia para manejar quando tiver que adotar outras ferramentas.

 

Considerar, entre outros critérios e procedimentos, as línguas bíblicas em que foi escrita a Bíblia, destaca-se: o hebraico (a maior parte do Antigo Testamento), o aramaico (língua irmã do hebraico, parte de Daniel e Esdras) e o grego (todos os escritos do Novo Testamento) em outras palavras, a fonte primária. Como disse anteriormente, o Espírito Santo que inspirou a escrita da Bíblia, inspira e ilumina a leitura, o sentido e o significado dos diferentes tipos de textos bíblicos e gêneros literários (narrativas, poesia, epístolas, entre outras). Conforme (II Pedro 1.21) “mas homens falaram da parte de Deus, conduzidos pelo Espírito Santo”. A inspiração e canonização da Bíblia – nossa única regra de fé e prática.

 

Aproveito para fazer uma referência aos manuscritos hebraicos preservados no texto massorético. Os manuscritos hebraicos anteriores, em parte, nos manuscritos do Mar Morto, datados antes do primeiro século cristão, isto é, cópias traduzidas à mão (chamadas de “manuscritos”). A grande maioria dos manuscritos vem do período medieval. Há mais de cinco mil manuscritos em grego, outros tantos em latim, feitos antes da invenção da imprensa. Os manuscritos das antigas traduções como a Septuaginta (LXX, produzida no Egito aproximadamente entre 250 e 150 a.C.). O manuscrito antigo (cópias escritas à mão).

 

Referências

 

ALLEN, Curtis. Como interpretar a Bíblia. Princípios práticos para entender e aplicar a Palavra de Deus. São Paulo: Vida Nova, 2012. (Série Cruciforme)

 

COLEMAN, JR. Lucien E. Como ensinar a Bíblia. Rio de Janeiro: JUERP, 1988.

 

COMFORT, Philip W. Manuscritos do Novo Testamento. Uma introdução à paleografia e à crítica textual. São Paulo: Vida Nova, 2022.

 

FEE, Gordon D.; STUART, Douglas. Entendes o que lês? Um guia para entender a Bíblia com auxílio da exegese e da hermenêutica. 4ª ed. rev. e ampl. São Paulo: Vida Nova, 2022.

 

GEISLER Norman l.; ROACH, William C. A inerrância das Escrituras. Confirmando a exatidão das Escrituras para uma nova geração. Guarulhos: Vida, 2022.

 

__________________; NIX, Norman L. Introdução geral à Bíblia. Uma análise abrangente da inspiração, canonização, transmissão e tradução. São Paulo: Vida Nova, 2021.

 

GOLDSWORTHY, Graeme. Introdução à Teologia Bíblica. O desenvolvimento do evangelho em toda a Escritura. São Paulo: Vida Nova, 2018.

 

HENDRICKS, Howard G.; HENDRICKS, William D. Vivendo na Palavra. A arte e a ciência da leitura da Bíblia. 2ª rev. e atual. São Paulo: Batista Regular, 2010.

 

ROCHA, Daiana Garibaldi da; (et all) Aprendizagem digital. Curadoria, metodologias e ferramentas para o novo contexto educacional. Porto Alegre: Penso, 2021. (Série desafios da educação).

 

RYKEN, Leland. Uma introdução literária à Bíblia. São Paulo: Vida Nova, 2023.