Artigo

Análise superficial do caso Jó

É com alegria e satisfação que começamos a coluna “Saúde de Corpo eA lma”, no centenário O Jornal Batista. Aqui, falaremos de saúde do corpo ed a alma. Do espírito também. Para falarmos de saúde de corpo e alma, é preciso ter o entendimento do corpo comoum todo, em que as partes, os órgãos,os membros superiores e inferiores, o psiquismo, as emoções e a fé em Deus,estão ligados de modo umbilical.

 

A história do sofrimento de Jó é um exemplo claro disso. Vamos analisar alguns aspectos dessa história, que apresentarei aqui como “estudos uperficial do caso Jó”.

 

1º) A fé promove a saúde, mas não elimina os problemas de saúde

Existem vários estudos, hoje, que demonstram como a fé é importante, tanto na promoção da saúde, como no processo de cura. Na verdade, isso aparece de modo muito claro em diversos relatos bíblicos. A história de Jó, por exemplo, nos mostra como uma fé sadia é importante para enfrentar e superar as adversidades da vida.

 

Por outro lado, mostra também que ter fé em Deus não significa viver acima do bem e do mal, como alguns crentes imaturos pensam. A fé em Deus não confere imunidade em relação ao sofrimento. Confere, sim, força para enfrentar o sofrimento (Jo 16.33). Mas os amigos de Jó não compreendiam assim. Infelizmente, ainda hoje muitos crentes também não compreendem isso.

 

2º) Problemas físicos afetam as emoções e vice-versa

 

O sofrimento de Jó afetou de modo contundente a sua vida emocional e, por que não dizer, a vida espiritual também. Não era para ser diferente, muito embora os amigos de Jó entendessem de modo contrário. Eles falaram: “Você não tem confiança no seu temor a Deus?” (Jó 4.6). Agiram de modo totalmente insensível e com uma expressão de fé que espiritualizava tudo, sem perceberem que agindo desse modo não estavam ajudando em nada.

 

Não existe coisa pior para um crente que passa por depressão, por exemplo, ouvir de um irmão desavisado e imaturo espiritualmente algo do tipo: "Você não pode se sentir assim. Afinal de contas, você confia ou não confia em Deus?”. Mas quem foi que disse que quem confia em Deus tem que se comportar como “homem de ferro” ou “mulher maravilha”? Quem disse que a expressão das emoções é sinônim ode falta de fé?

 

No Getsêmani, Jesus disse para Deus: “A minha alma está profundamente triste até a morte” (Mt 26.38). E na cruz, ele bradou: “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” (Mt 27.46). Abrir o coração para Deus e falar do que está sentindo não é sinal de falta de fé. É sinal de intimidade com Ele.

 

3º) Escutar é melhor do que falar

 

Jó disse para os seus “amigos”: “[...] todos vocês são médicos que não valem nada. Quem dera vocês ficassem completamente calados! Vocês poderiam passar por sábios!” (Jó 13.4,5). Mesmo em meio a tamanho sofrimento, Jó manteve a lucidez e rechaçou com firmeza as falas indevidas dos seus amigos. Os amigos de Jó sabiam falar, porém não estavam preparados para escutar. No início, até fizeram isso, mas, passados sete dias (Jó 2.13), eles já não tinham mais estrutura emocional para ouvir os gemidos e lamentos de Jó. Escutar não é fácil.

 

Num mundo com tantas vozes, com tantos ensinamentos, com tantas dicas de como ser rico em uma semana, como ter uma saúde perfeita com essa ou aquela prática, como ser um pastor ou um líder de sucesso; com todo esse vozerio, nós estamos perdendo a capacidade de escutar o outro. Escutar empaticamente. O que não significa sentir literalmente o que o outro está sentindo. Mas, sim, uma busca mais próxima possível do que a pessoa que sofre está sentindo, emocionalmente falando. Precisamos aprender a falar menos e escutar mais.

 

A história de Jó é muita rica. Fiz um pequeno recorte – daí o título “Análise superficial do caso Jó”, como forma de enfatizar a importância da compreensão da saúde como um todo: corpo, alma e espírito. Ressalto, ainda, que o sofrimento até pode afetar a nossa vida espiritual, mas quando sustentamos a nossa fé em Deus, sempre saímos fortalecidos. Observamos isso no final da história de Jó.

 

Ao final deste primeiro texto, peço duas coisas: 1º) Que você que está lendo me ajude em oração, para que os artigos desta coluna abençoem vidas; 2º) Contribua com suas sugestões e críticas, enviando e-mail para o endereço desiderioailton@gmail.com.

Até a próxima!